A forma latina do infinitivo do verbo poder é posse. Está-se vendo, portanto, que não é de posse que se origina a forma poder. Essa forma é proveniente do latim vulgar *potēre. As mudanças de *potēre para poder são regulares: queda do -e final, sonorização da consoante surda entre vogais, ou seja, *potēre > poder. É interessante examinar o presente do indicativo desse verbo em latim e compará-lo com o português. Examine-se primeiramente o latim: possum, potes, potest, possumus, potestis, possunt. Há dois radicais presentes na forma latina: um dos radicais é fornecido pelo adjetivo potis,e 'possível' e o outro pelo verbo esse. Em algumas formas, há a acomodação fonológica do -t ao -s, ou seja, há uma assimilação: *potsum > possum / *potsumus > possumus / *potsunt > possunt.
A forma portuguesa posso se origina do latim possum, mas é uma forma plena e já não mais constituída de dois radicais, como ocorre em latim. Pod- é o radical aproveitado para as outras pessoas.